segunda-feira, 24 de março de 2008

De volta ao passado, ainda que só por alguns minutos...

O final de semana de Páscoa em Satolep foi muito bom.
Revi pessoas. Revisitei lugares. Senti cheiros que me remeteram ao passado... E foi com essa sensação de “revival” que veio a inspiração pra esse post, enquanto estava sentando numa mesa de bar (tinha que ser...).

Mas esse bar tem um que de especial pra mim e se faz presente em minha vida há muito anos. Falo do Cruz de Malta, tradicional ponto de encontro de figuras raras da cidade. Onde política e futebol se misturam facilmente ao ambiente, fazendo par com o cheiro da lenha da parrilla e com as fornadas (ou melhor, frigideiradas) do característico croquete que é vendido feito água. E foi nesse local, sentando tomando minha Serramalte no final de tarde de sábado, que me detive em detalhes pra tentar entender um pouco do que faz aquele local especial pra mim.

O bar se localiza no centro da cidade, numa esquina de grande circulação. Senta-se, de preferência, numa mesa com janela, pra poder observar o movimento central nas calçadas. E, na vista da mesa onde eu sentei, pude olhar o prédio em frente, que abrigou a ótica de um irmão do meu avô materno. E eu fiz uma visita virtual com as lembranças que surgiram das vezes em que estive ali, na companhia do meu avô, quando vinha visitar a família em épocas de festas, como agora, só que há uns 25 anos atrás pelo menos... Senti a falta dele e lembrei de tudo o que ele me representa e fiz um brinde pra ele e acho que com ele...Vivinho, onde quer que tu estejas, estejas em paz!!!

Enquanto minha mente vagava em lembranças infantis, pude perceber um casal conhecido caminhando pela calçada do prédio... Me dou conta de que era um antigo colega do primeiro grau, juntamente com uma antiga colega da mesma época. Ele levava uma criança no colo. Ela empurrava um carrinho de bebê, provavelmente com um dentro, já que a criança no colo era grande demais pra ser a dona do carrinho (mas que algum dia o deve ter sido). Eles não me viram e não sei se me reconheceriam se vissem. Pude perceber que seus rostos estampavam expressões alegres, de quem anda de bem com a vida... E me peguei pensando que nunca mais os havia visto e que nada sei sobre o que fazem hoje. Mas olhando seus rostos, aposto que estão muito bem e felizes e isso me fez rir mentalmente e admira-los, quase como que os abençoando e torcendo pela continuidade daquilo.

Por fim, quando peço a segunda birra, vejo um senhor adentrar no recinto, pela aparência chuto uns 80 anos. Lembrei-me que seu rosto me era conhecido, mas não sei precisar de onde. Talvez do próprio bar ou até de algumas esquinas mais adiante na mesma rua, na conhecida Esquina do Café “Já Comi” (quem é de lá sabe ao que me refiro...hehehe). Passei a observá-lo e notei que era figura conhecida do local, pela atenção que recebeu dos trabalhadores da parte de trás do balcão. E foi ali mesmo que ficou, sentado num banco. Seu pedido foi prontamente atendido e vi que na sua frente se fez presente um copo de achocolatado e um quéqui (alguém também conhece o Bolo Inglês por esse nome??? Hahahahaha). E me peguei pensando na motivação do senhor de ir até um bar e fazer seu pedido... Devia fazer isso com frequência? Creio que sim, visto que era conhecido no local... Será que ele sempre pede isso quando vai lá? Talvez em outras eras, gozando de melhor saúde, o pedido fosse um suco de cevada como o que eu estava tomando. E a forma que ele comeu e tomou seu “lanche”, mergulhando pedaços do bolo no copo, me fez ter mais certeza do ditado, que as pessoas voltam a ser crianças quando envelhecem... E novamente me peguei rindo, achando aquilo muito pitoresco, e pensando se um dia não quero isso pra mim...

Com tudo isso, embalado pelo último gole de cerva que restava em meu copo, concluí: pode parecer que às vezes as coisas nunca mudam.O que muda realmente somos nós e nossos pensamentos diários, numa grande tentativa de se adaptar constantemente ao que não pode ser mudado: O tempo que passa na vida de cada um que que só volta na forma de lembranças, como as que eu tive ali, naqueles preciosos minutos que retornam agora em minha mente enquanto estive lá no bar... Vida vivida que não volta mais.

Depois deste pequeno, mas precioso “flashback”, nada mais restava a não ser ir pagar a conta e tomar meu rumo, que a noite preta me esperava com muito mais emoções...

Otto – fechando o post ao som de The Verve – “Bittersweet Symphony”

2 comentários:

pablodelarocha disse...

caramba, q post legal
o crz também remete a flashbacks de bons momentos pra mim

tu é observador igual a leandra

adoro esse tipo de descrição emocionada q tu fez

bom te ver, cara!
abração

Drika Bruzza disse...

Ô Otto, tou afim de fazer um som :(

Tu tem alguma idéia?


:'(